Cristina Penteado Colnaghi, professora aposentada do Estado e atualmente Diretora da EMEI Roberto Burle Mar. Escola para crianças de quatro a cinco anos na região do Paraíso do Morumbi, em conjunto com toda equipe do colégio, a partir da grande vontade de melhorar o ambiente onde estão, por meio da sustentabilidade, integrando crianças e seus familiares, criou em 2014 o Projeto Meio Ambiente e Reciclagem na Paraisópolis. E essa história sobre impactos positivos no entorno do ambiente de trabalho, você confere agora.

GS: Há quanto tempo ele existe o projeto?

Cristina: Há três anos começamos o projeto. Enquanto professora nesta Unidade Escolar, eu via que todo o papelão das embalagens da merenda, uniformes e material escolar era misturado com os restos de comida que saíam da cozinha. E o lixeiro passava e misturava tudo no caminhão de lixo, então, eu mesma, no horário após a aula, ia até a lixeira e retirava os papelões antes que o lixeiro passasse, e ia armazenando dentro da escola. Depois, fui atrás de catador de papelões que pudesse dar uma destinação adequada ao papelão.

GS: Como é a participação das crianças, dos pais e da comunidade?

Cristina: As crianças se envolvem muito, porém o trabalho deve ser constante e diário, não pode ficar esquecido. Sempre temos que inventar novidades para atrair a atenção delas para o meio ambiente onde vivem, ainda muito descuidado da nossa comunidade e que tem muito a ser trabalhado.

GS: Qual o objetivo desse projeto?

Cristina: Transformar a comunidade de Paraisópolis, de um bairro sujo com montes de lixo pelas ruas, em um ambiente agradável e com respeito humano.

GS: Quais as ações já aconteceram e quais estão por vir?

Cristina: Em 2014, iniciamos uma revitalização da área externa da escola, por meio de plantio de árvores, e iniciamos um trabalho de conscientização das crianças e dos funcionários do colégio para dar um cuidado adequado ao lixo produzido em nossa própria escola. Comecei um concurso do “Brinquedo mais Legal” feito com material reciclável.

Em 2015, continuamos com o plantio de árvores, mudas e horta com o auxílio da comunidade. Além do concurso do brinquedo feito de material reciclável que ganhou maior dimensão entre as famílias dos alunos que passaram a competir com trabalhos extremamente originais.

Em 2016, novas ações foram realizadas em benefício para o entorno, como a Mostra Cultural, que valorizou o tema:

GS: Quais os resultados alcançados? Era o que esperavam?

Cristina: Alcançamos um grande envolvimento da comunidade, porém, gostaria de ampliar o meu espaço de ação para fora dos muros da escola.

GS: Vocês encontraram alguma dificuldade para a realização do projeto? Qual?

Cristina: Sim, existe dificuldade em mobilizar pessoas, fazer com que saiam da zona de conforto, mas pouco a pouco, percebo que esta conscientização cresce de forma geométrica.

GS: Como o projeto tem refletido na escola e nas crianças?

Cristina: As crianças tornam-se produtoras de conhecimento e se reconhecem em atitudes positivas.

GS: Quais serão os próximos passos? Mais algum projeto em mente?

Cristina: Este ano faremos novamente o Concurso de Brinquedo feito de material reciclável, aos sábados, com atividades interessantes sobre o tema na própria escola.

Nós já conseguimos mudar muita coisa em nossa realidade. Agradeço aos pessimistas com sua opinião quando dizem que tudo vai dar errado, pois sinto-me desafiada a produzir e com melhores resultados.

Por fim, desejo que essa seja uma escola que inspire e encoraje outros colégios a adotar novas formas de contribuir para a preservação do meio ambiente e se torne um espaço de transformação de pessoas. No qual cada detalhe inspire e convide a refletir sobre uma forma de vida abundante e ecológica para nosso entorno. 

A ideia não é fechar as portas para o resto do mundo, mas olhar para dentro do nosso entorno, nossos lares, nossos familiares, amigos, vizinhos e nós mesmos, e juntos, enxergarmos na força combinada, o potencial da  mudança  da comunidade escolar.